24 de abril de 2017


De repente, a porta do nosso vagão abrira-se e o vento que se fizera sentir obrigava à nossa deslocação para outra parte do campo. Tivemos sorte de os SS, uma das forças de segurança do Terceiro Reich, permitirem que beneficiássemos de uma área mais protegida. Estávamos em janeiro de 1944, uma altura em que o frio e o vento se mostravam agressivos. 


Tinham deixado de existir ricos, notáveis, «personalidades».
Apenas existiam condenados à mesma pena, ainda desconhecida.

Elie Wiesel, "Noite"

Rapidamente nos dividiram, homens para a esquerda. Mulheres para a direita. De seguida, ficáramos despidos de roupa e de objetos pessoais. 





Era difícil reconhecê-las, e identificá-las como mulheres.

Imre Kértesz, "Sem destino"

Após, era a vez dos nossos cabelos que num ápice caiam infinitamente sobre os nossos pés. Por fim, sucedera-se um banho de água quente, por assim dizer, a única coisa digna, que nos fizeram desde que chegámos cá. 




Em menos de dez minutos todos nós homens válidos fomos reunidos num grupo.
 Primo Levi, "Se isto é um homem"