Tendo como ponto de partida
os testemunhos literários de Primo Levi (“Se isto é um homem”), Elie Wiesel
(“Dia” e “Noite”), Imre Kertész (“Sem destino”, "A recusa" e "Kaddish para uma crianças que não vai nascer"), a nossa narrativa tem como
conceito base/estruturante a transmissão de um testemunho de uma personagem (um
homem) que encarnou o papel de vítima desde que recebeu a carta que o
informaria da data e hora de partida do comboio que o levaria para o campo,
em 1942, passando pelo seu esconderijo com a sua esposa, em 1943, pela sua
captura em 1944, pelo seu aprisionamento, que decorreu entre 1944 e 1945 até à
sua libertação que teve lugar em janeiro de 1945. Ao longo desta narrativa dá-se
especial destaque às condições indignas de vida dos prisioneiros, ao referir-se
a maldade a que eram submetidos. A fome, o frio, o cansaço, a falta de higiene,
o trabalho forçado, a humilhação, a falta de privacidade, de espaço, medo e
ansiedade constantes. Frisa-se também, as estratégias que as vítimas usavam
para sobreviver, a gestão dos campos, e alguns dos prisioneiros que se
encontravam lá, como Wiesel, Levi, Gonçalo e Adam e com os quais o narrador
manteve contacto no decorrer do seu aprisionamento e com quem se tornou amigo.
Os blogues são, em muitos
casos, registos quase diários dos seus autores. Com a escolha deste meio de
comunicação digital quisemos preservar o registo intimista das descrições e
reflexões do narrador. Cada entrada corresponde a um momento da sua história.
Cada entrada contém testemunhos vivos do Holocausto: fotografias e citações dos
que como Primo Levi, Elie Wiesel e Irme Kértesz viveram a história e nos
transmitiram o seu testemunho. Aceitá-lo, obriga-nos a não esquecer o Holocausto
e a perseverar para que não se repita e que se continue a lutar pela efetiva
concretização dos direitos humanos.