Monowitz-Buna
servia, sobretudo, para fornecer trabalho escravo para o seu complexo
industrial, nomeadamente para a produção de borracha sintética, mas também para
empregar trabalhadores nas minas. Nesta prisão de milhares de inocentes,
pereceram mais de cinquenta mil prisioneiros em resultado da fome, das doenças,
das experiências médicas, dos assassinatos, e, sobretudo, da violência exercida
pela Secção de Segurança.
Depois está claro
que nos irão matar, quem pensa sobreviver está louco,
quer dizer que caiu no
jogo deles.
Primo Levi, "Se isto é um homem"
Direitos
e liberdade eram termos desconhecidos naquele lugar rodeado de arame farpado,
onde nos encontrávamos. Ainda assim, a humildade era visível na troca de
olhares de prisioneiros como Wiesel, um judeu e ativista de nacionalidade
norte-americana e Levi, um italiano que rondava os 24 anos e que trabalhava na
fábrica I.G. Farben da buna como químico. Ambos irradiavam alguma esperança e
convicção. Contudo, o sentimento que prevalecia neles era, predominantemente, o
de terror e de angústia.