26 de abril de 2017


Perante a ameaça, fugimos para Amesterdão. Uma viagem que traduziu à letra a nossa única hipótese de escapar ao antissetimismo que alastrava por todos os recantos da sociedade alemã.

O dia era lindo. O sol iluminava a esperança de nos vermos livres do terror dos campos de concentração. Em Amesterdão, esperavam-nos familiares da minha mulher. Tios, primos e irmãos. O rosto dela evidenciava claramente a alegria de rever os seus entes queridos. 

Várias eram as emoções que sentíamos e que os nossos rostos perfilhavam. Depois de recebidos, com toda a hospitalidade, pelos nossos familiares, rompemos ruas, becos e até praças. Até que…  



A angústia crescia: de súbito, 
como que projetados no ar por raios invisíveis de uma espécie de fonte diabólica...
Imre Kertész, "A recusa"