21 de abril de 2017



Tatuados com o número de identificação necessário à chamada, vestidos às riscas como prisioneiros, separados fisicamente, homens de mulheres, mas, sempre com o pensamento focado na nossa família, éramos incapazes de perceber a razão pela qual estávamos ali. 


O meu nome é 174517
fomos batizados
guardaremos até à morte a marca tatuada no braço esquerdo.
Primo Levi - "Se isto é um homem"





Ainda travei um monólogo perguntando-me a mim mesmo se tinha cometido algum crime, se não tinha respeitado o outro na sua diferença, se tinha culpa de ser racialmente diferente. 


É homem quem mata,
é homem quem faz ou sofre injustiças;
não é homem quem, perdida qualquer vergonha, divida a cama com um cadáver.
Primo Levi, "Se isto é um homem"

Refleti, ainda, sobre uma série de dúvidas, nomeadamente se o holocausto seria baseado na própria lógica moderna de conceber o homem, a vida, a natureza e os valores, se seria um produto da modernidade ou um fracasso da civilização moderna e se se relacionaria apenas com motivos religiosos ou culturais ou como um caso extremo do repulsivo preconceito. Mas considerei em vão toda esta reflexão, visto que estas perguntas não seriam respondidas.