Tatuados
com o número de identificação necessário à chamada, vestidos às riscas como
prisioneiros, separados fisicamente, homens de mulheres, mas, sempre com o
pensamento focado na nossa família, éramos incapazes de perceber a razão pela
qual estávamos ali.
O
meu nome é 174517
fomos batizados
guardaremos até à morte a marca tatuada no
braço esquerdo.
Primo
Levi - "Se
isto é um homem"
Ainda travei um monólogo perguntando-me a mim mesmo se
tinha cometido algum crime, se não tinha respeitado o outro na sua diferença,
se tinha culpa de ser racialmente diferente.
É
homem quem mata,
é
homem quem faz ou sofre injustiças;
não
é homem quem, perdida qualquer vergonha, divida a cama com um cadáver.
Primo Levi, "Se isto é um homem"
Refleti, ainda, sobre uma série de
dúvidas, nomeadamente se o holocausto seria baseado na própria lógica moderna
de conceber o homem, a vida, a natureza e os valores, se seria um produto da
modernidade ou um fracasso da civilização moderna e se se relacionaria apenas
com motivos religiosos ou culturais ou como um caso extremo do repulsivo
preconceito. Mas considerei em vão toda esta reflexão, visto que estas
perguntas não seriam respondidas.