27 de abril de 2017


Com 18 anos somos adolescentes e o mundo parece desenrolar-se aos nossos pés. Nasci judeu. O meu Bar Mitzvá ocorreu três anos antes, pelo que já era considerado um membro do mundo dos adultos. Cabia-me a mim fazer escolhas. Porém, o meu futuro parecia cada vez mais limitado. No ano de 1933, eclodiu na Alemanha a primeira vaga antissemita. Tudo começou assim que inúmeros professores universitários começaram a ser afastados do seu cargo apenas pelo facto de terem ascendência judaica. O meu desejo de ser cientista parecia agora mais curto e impossível de se realizar.

Posteriormente, seguiu-se a divulgação das leis de Nuremberg no ano de 1935, que proibiam o casamento e as relações sexuais entre judeus e arianos. Mais tarde, ficaríamos privados de frequentar lugares públicos e de promover atividades comerciais. Por fim, sucedera-se a solução final do problema judaico, a última alternativa dos nazis para nos eliminar constituída pela criação de vários campos de concentração e de extermínio, destacando-se o de Auschwitz.


A madrugada surpreendeu-nos como uma traição.
Como se o novo sol se associasse aos homens na deliberação de nos destruir. 
Primo Levi, "Se isto é um homem"